quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Circo Cristal

Há cerca de quarenta e cinco anos, o Zambujal ainda não tinha luz eléctrica. De vez em quando apareciam na aldeia, circos ambulantes, constituídos por saltimbancos, ilusionistas e palhaços, em carroças puxadas a burros ou machos, à noite faziam os seus espectáculos à luz de gasómetros, de uma luz muito clara e fria produzida pela queima do acetileno produzido por carboneto de cálcio a que se adicionava água. A chegada do circo era uma grande alegria para a pequenada, o ilusionista e os palhaços eram os mais desejados, deixando-nos de boca aberta pela magia, ou de riso às gargalhadas pelas palhaçadas, pagava-mos para assistir, cinco tostões (cinquenta centavos) o mesmo que um quarto de cêntimo, quem não tinha dinheiro podia assistir dando um braçado "caroça" de palha de milho para o burro ou macho que puxava a carroça.
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O circo ambulante, esta semana, voltou ao Zambujal e fez o espectáculo ao ar livre no largo da capela, agora com mais luz, transportado em carros e caravanas, mas a alegria e gargalhadas da pequenada era a mesma de antigamente, que vivi como a criança que já fui.
O Provébio: - "As grandes alegrias merecem partilha"

terça-feira, 18 de agosto de 2009

As cores da vida no meu jardim

Hoje capturei algumas imagens no meu jardim para partilhar a minha felicidade convosco.
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Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.

Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa cousa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.

O Provérbio: "A vida é feita de momentos"

domingo, 16 de agosto de 2009

Festa do Sócio da Associação Cultural e Recreativa do Zambujal

Todos os anos a Associação Cultural e Recreativa do Zambujal, (ACRZ), organiza uma festa confraternização para os seus sócios e amigos. No dia 15 de Agosto mais de cem sócios e amigos conviveram em festa no salão da ACRZ no Monte Grande. A festa consistiu num farto e requintado jantar, pago pelos presentes, além da conversa fraternal houve animação musical, durante a qual se revelou mais um talento da nossa terra, a Carla Pereira que executou magistralmente, musicas tradicionais na sua concertina, cuja aprendizagem trouxe da Suíça onde os pais José Manel e Fátima são emigrantes.
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O trabalho de que também, senão principalmente, é feita a festa mas que poucos vêm, por ser feito nos bastidores.
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Algumas das pessoas que fazem e são a razão de ser da Associação Cultural e Recreativa do Zambujal.
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A alegria e felicidade dos que partilham os momentos bons da vida em sociedade.
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Parabéns à Associação Cultural e Recreativa do Zambujal por mais este evento, que cimenta a satisfação, alegria e solidariedade proporcionada pelo associativismo consciênte e responsável.

O Provérbio:"A amizade firme, sempre portas abertas"

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Jardim em poesia


Hoje vesti o meu jardim com um poema do autor da "Pedra Filosofal"
António Gedeão poeta cientista
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Poema das Flores

Se com flores se fizeram revoluções
que linda revolução daria este canteiro!

Quando o clarim do sol toca a matinas
ei-las que emergem do nocturno sono
e as brandas, tenras hastes se perfilam.
Estão fardadas de verde clorofila,
botões vermelhos, faixas amarelas,
penachos brancos que se balanceiam
em mesuras que a aragem determina.
É do regulamento ser viçoso
quando a seiva crepita nas nervuras
e frenética ascende aos altos vértices.

São flores e, como flores, abrem corolas
na memória dos homens.

Recorda o homem que no berço adormecia,
epiderme de flor num sorriso de flor,
e que entre flores correu quando era infante,
ébrio de cheiros,
abrindo os olhos grandes como flores.
Depois, a flor que ela prendeu entre os cabelos,
rede de borboletas, armadilha de unguentos,
o amor à flor dos lábios,
o amor dos lábios desdobrado em flor,
a flor na emboscada, comprometida e ingénua,
colaborante e alheia,
a flor no seu canteiro à espera que a exaltem,
que em respeito a violem
e em sagrado a venerem.

Flores estupefacientes, droga dos olhos, vício dos sentidos.

Ai flores, ai flores das verdes hastes!
A César o que é de César. Às flores o que é das flores.

António Gedeão

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Gosto das flores e da poesia, no meu jardim florido de perfumes e cores.
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No meu jardim há flores de muitas cores, de muitas formas, de muitos feitios e de muitos perfumes, mas todas merecem a minha atenção.
O Provérbio: - "Todas as flores do futuro estão nas sementes de hoje"
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sábado, 8 de agosto de 2009

Pinhais, ar puro, cores, sons, recursos e recordações

Hoje fomos apanhar pinhas
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Para acender a lareira ou a churrasqueira, nada melhor que as pinhas do pinheiro bravo
(Pinus pinaster), para renovar a reserva das mesmas, acompanhado da Fernanda fomos aos pinhais da "gandara" apanhar pinhas. Fomos de carrinha, mas ainda há poucos anos atrás, os habitantes da aldeia, iam com os carros de bois ou burros aos pinhais, colher pinhas e "tróchos" (ramos secos) de pinheiro, porque as que caíam eram logo apanhadas, usavam uma vara comprida (varejão) com um gancho na ponta, para desprender os tróchos e as pinhas da copa dos pinheiros. Também, com um ancinho, juntavam as agulhas dos pinheiros (caruma), que serviam para acender o lume do borralho, assar a petinga, fazer a cama do gado e "chamuscar" o porco morto, para lhe retirar os pêlos. Os "afeitos" espécie de planta feto e os musgos, por serem macios, eram usados para a cama dos porcos recém-nascidos, os leitões. O mato era "roçado" e colhido para compostar nos pátios e currais do gado, com o estrume assim produzido, as terras eram fertilizadas. Os pinheiros de "serra", assim designados por serem destinados às serrações de madeira, para fazerem deles, tábuas, ripas e barrotes, eram cortados entre Dezembro e Fevereiro, quando a madeira era mais resistente devido ao repouso e mínima circulação de seiva (resina). Os resineiros colhiam a resina e da mesma eram obtidos solventes, aguarrás, terebentina e outros produtos químicos. O pinhal continua a ter muitos recursos que hoje testemunhei enquanto usufruía o seu saudável e perfumado ar-puro. Na tranquilidade própria das florestas, ouvia os seus sons naturais, produzidos pela brisa e pelos animais, hoje porque estamos no Verão e estava calor o som predominante era o das "cega-regas" penso que designavam assim as cigarras, pela quase perfeita camuflagem (cega) e porque quando levantam voo expelem um jacto dum líquido que parece água (rega).
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Praticamente durante todo o ano se encontram flores e frutos nos pinhais, hoje apreciei as amoras, a flor da murta e suas bagas utilizadas para aromatizar as azeitonas a curtir, a flor de urze, cuja planta era utilizada para fazer vassouras, bagas várias, fetos e flor de tojo, cardos, cigarras e gafanhotos. Mas acima de tudo passamos uma tarde muito tranquila, cheia de imagens, sons e sensações e ainda trouxemos para casa muitas pinhas. Hoje a biomassa, produzida pelas forestas começa a ser utilizada nas nossas casas, o mais vulgar são os granulados e prensados para alimentação de lareiras e recuperadores de calor, este aproveitamento industrial da biomassa tem com consequência benéfica a limpeza das matas minimizando a ocorrência de incêndios. A nossa floresta é uma grande riqueza a preservar.

O Provérbio: - "A Natureza criou os prazeres, o homem criou os excessos"
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sábado, 1 de agosto de 2009

Solidariedade para além do humano

Há cerca de um mês a Verónica e o Nuno, namorados, de regresso a casa, já de madrugada, na berma da estrada numa zona de pinhal, encontraram uma ninhada de três gatinhos, bem juntos e abandonados. Os gatinhos pareciam pedir desesperadamente, ajuda, o Nuno e a Verónica amigos, recolheram-nos e trouxeram-nos para casa.
Um deles não resistiu á avançada desidratação, morreu, os outros dois, um casal, resistiram, são os "Silvestres" e estão contentes com o acolhimento.
O macho de coleira azul é o "Silvestre" a fêmea de coleira branca é a "Ritinha" e vivem felizes, pelo menos assim parece, dos gatos que já faziam parte da família, o "Jaleco" e a "Mimi" só a "Mimi" (uma senhora) ainda não os aceitou, o "Jaleco" sim. Lambe e acaricia os novos inquilinos.
Ainda há animais com sorte, que o mesmo seja extensível às pessoas, continuamos a fazer por isso.

O Provérbio: - "O alívio dos que sofrem, é dever de todos"
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