sábado, 20 de junho de 2009
Mel do Zambujal
terça-feira, 16 de junho de 2009
O "Amola tesouras"
Uma das muitas e boas recordações que eu tenho da minha infância no Zambujal era o som inconfundível da gaita do "amola tisoiras", duma espécie de "flauta dos andes", os tubos eram de lata, saia um som que começava alto baixava e terminava como começara, alto. O amola tisoiras era um homem quase sempre de aspecto pouco cuidado no vestir, de rosto muito enrugado, de pele escura e suja e de barbas e cabelo compridos e desalinhados. Fascinava-me a quantidade de mecanismos, coisas e objectos que trazia na bicicleta diferente de todas as outras. O som estridente que as facas e as tesouras quando ele as afiava na mó de esmeril e as faíscas, qual fogo de artifício, que se soltavam e envolviam o conjunto homem e mecanismos e tantas coisas que só ele sabia manejar e dar-lhe utilidade, o que tornava o “amola tisoiras” uma espécie de mágico, rodeado da criançada, de olhos arregalados, como que hipnotizada por aquele mundo fantástico de sons, luzes e de gente fascinante.
Há pouco tempo ouvi a gaita do “amola tisoiras” e segui aquele som ao encontro da sua origem e vivi momentos que me tornaram outra vez menino. O "amola tisoiras" voltou ao Zambujal, já se pensava que tinha ido para sempre.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Gente da nossa terra - Manuel Gil
Emigrante de sucesso – Manuel dos Santos Monteiro Gil (Manuel Gil) nasceu em 3 de Março de 1930 fruto do casamento de Manuel Gil, seu pai e Anunciação dos Santos, sua mãe. A pobreza da família “obrigou” seu pai a emigrar para o Brasil à procura de melhores condições, deixando sua mulher Anunciação com o Manuel Gil (filho) no ventre ainda em gestação.
O Manuel Gil nasceu e cresceu sem conhecer o pai que ficara por terras de Vera Cruz. A escola acabou quando o Manuel Gil fez a terceira classe e começou ainda menino a trabalhar na agricultura e como servente de pedreiro (misturando a areia a cal e a água com uma enxada, para fazer a massa que colava as pedras das construções carregando os materiais até aos pedreiros) e assim ainda criança era o amparo da mãe, já homem foi pedreiro. Casou aos 25 anos com Salvina, mas a mágoa de nunca ter conhecido o seu pai, fez com que em 1957 com 27 anos de idade fosse para o Brasil, à procura dele. Deixou no Zambujal, mulher e um filho, chegado a terras de Vera Cruz, São Paulo, o Manuel Gil concretizou o seu grande sonho de conhecer seu pai e iniciou ali a sua vida como empregado, passado pouco tempo economizou o suficiente para se estabelecer por conta própria na área comercial primeiro com um bar e depois com uma padaria e em 1962 chama para junto de si sua esposa Salvina e o filho Gabriel. Fundou um restaurante “O Rei do Bacalhau” que ligado à padaria foi um enorme sucesso, era frequentado por altas individualidades e por muitos turistas portugueses que ali se deliciavam com as suas especialidades de bacalhau, ficando ele próprio conhecido em São Paulo como o Rei do Bacalhau.
Em 1986 veio a Portugal para na FIL de Lisboa participar com o seu restaurante “O Rei do Bacalhau”e suas especialidades gastronómicas no evento “Portugueses de Além Mar” que trouxe a Portugal o exemplo de alguns emigrantes de sucesso.
Hoje o Manuel Gil está aposentado e é um homem feliz que vive junto de seus filhos em São Paulo. Mas não esquece a terra que o viu nascer e crescer, o Zambujal e, mais uma vez regressou em lazer para recordar sítios e amigos, amigos que reuniu no passado dia 1 de Outubro (2008) num jantar de confraternização no restaurante “Amigo” da Tocha onde agradeceu a todos o bom acolhimento e amizade que lhe proporcionaram por cá. Partiu para São Paulo com a promessa de voltar em 2009 no Verão.
Parabéns e votos de felicidades ao nosso conterrâneo Manuel Gil que há mais de cinquenta anos partiu para o Brasil onde viu pela primeira vez o seu pai e onde alcançou muito sucesso.
O nosso conterrâneo Manuel Gil é uma pessoa sábia, pois soube aprender com a vida nem sempre fácil, simples e humilde é um homem bom que tem granjeado muitas amizades, a comunidade espera de braços abertos a sua visita.