terça-feira, 16 de junho de 2009

O "Amola tesouras"

(clicar na imagem para ampliar)

Uma das muitas e boas recordações que eu tenho da minha infância no Zambujal era o som inconfundível da gaita do "amola tisoiras", duma espécie de "flauta dos andes", os tubos eram de lata, saia um som que começava alto baixava e terminava como começara, alto. O amola tisoiras era um homem quase sempre de aspecto pouco cuidado no vestir, de rosto muito enrugado, de pele escura e suja e de barbas e cabelo compridos e desalinhados. Fascinava-me a quantidade de mecanismos, coisas e objectos que trazia na bicicleta diferente de todas as outras. O som estridente que as facas e as tesouras quando ele as afiava na mó de esmeril e as faíscas, qual fogo de artifício, que se soltavam e envolviam o conjunto homem e mecanismos e tantas coisas que só ele sabia manejar e dar-lhe utilidade, o que tornava o “amola tisoiras” uma espécie de mágico, rodeado da criançada, de olhos arregalados, como que hipnotizada por aquele mundo fantástico de sons, luzes e de gente fascinante.

Há pouco tempo ouvi a gaita do “amola tisoiras” e segui aquele som ao encontro da sua origem e vivi momentos que me tornaram outra vez menino. O "amola tisoiras" voltou ao Zambujal, já se pensava que tinha ido para sempre.

O Provérbio: - "Recordar é viver duas vezes"

1 comentário:

  1. Estou perplexa! Andava eu a fazer pesquisa na NET por causa do meu blog, que não pretende ser mais que um cantinho para contar histórias muito simples a crianças, quando o encontro a falar do "amola tisoiras", que é uma das personagens de um conto que comecei a escrever ontem. Ainda por cima o modelo do seu blog é igual ao que eu escolhi, por ter um ar simples e natural. Pode encontrá-lo em: "historiasdobecodaruadapaz.blogspot.com". Como só agora comecei a lidar com "isto" ainda tenho muitas dificuldades e não está como eu gostaria. Muitas felicidades e desculpe a intromissão! Maria Lobo

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