sábado, 8 de agosto de 2009

Pinhais, ar puro, cores, sons, recursos e recordações

Hoje fomos apanhar pinhas
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Para acender a lareira ou a churrasqueira, nada melhor que as pinhas do pinheiro bravo
(Pinus pinaster), para renovar a reserva das mesmas, acompanhado da Fernanda fomos aos pinhais da "gandara" apanhar pinhas. Fomos de carrinha, mas ainda há poucos anos atrás, os habitantes da aldeia, iam com os carros de bois ou burros aos pinhais, colher pinhas e "tróchos" (ramos secos) de pinheiro, porque as que caíam eram logo apanhadas, usavam uma vara comprida (varejão) com um gancho na ponta, para desprender os tróchos e as pinhas da copa dos pinheiros. Também, com um ancinho, juntavam as agulhas dos pinheiros (caruma), que serviam para acender o lume do borralho, assar a petinga, fazer a cama do gado e "chamuscar" o porco morto, para lhe retirar os pêlos. Os "afeitos" espécie de planta feto e os musgos, por serem macios, eram usados para a cama dos porcos recém-nascidos, os leitões. O mato era "roçado" e colhido para compostar nos pátios e currais do gado, com o estrume assim produzido, as terras eram fertilizadas. Os pinheiros de "serra", assim designados por serem destinados às serrações de madeira, para fazerem deles, tábuas, ripas e barrotes, eram cortados entre Dezembro e Fevereiro, quando a madeira era mais resistente devido ao repouso e mínima circulação de seiva (resina). Os resineiros colhiam a resina e da mesma eram obtidos solventes, aguarrás, terebentina e outros produtos químicos. O pinhal continua a ter muitos recursos que hoje testemunhei enquanto usufruía o seu saudável e perfumado ar-puro. Na tranquilidade própria das florestas, ouvia os seus sons naturais, produzidos pela brisa e pelos animais, hoje porque estamos no Verão e estava calor o som predominante era o das "cega-regas" penso que designavam assim as cigarras, pela quase perfeita camuflagem (cega) e porque quando levantam voo expelem um jacto dum líquido que parece água (rega).
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Praticamente durante todo o ano se encontram flores e frutos nos pinhais, hoje apreciei as amoras, a flor da murta e suas bagas utilizadas para aromatizar as azeitonas a curtir, a flor de urze, cuja planta era utilizada para fazer vassouras, bagas várias, fetos e flor de tojo, cardos, cigarras e gafanhotos. Mas acima de tudo passamos uma tarde muito tranquila, cheia de imagens, sons e sensações e ainda trouxemos para casa muitas pinhas. Hoje a biomassa, produzida pelas forestas começa a ser utilizada nas nossas casas, o mais vulgar são os granulados e prensados para alimentação de lareiras e recuperadores de calor, este aproveitamento industrial da biomassa tem com consequência benéfica a limpeza das matas minimizando a ocorrência de incêndios. A nossa floresta é uma grande riqueza a preservar.

O Provérbio: - "A Natureza criou os prazeres, o homem criou os excessos"
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2 comentários:

  1. Quanta riqueza tem esse lugar.

    O homem deveria ter um profundo sentimento de preservação. O excesso deveria ser o amor pela vida.

    Abraços.

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  2. Val Du

    Obrigado.
    Sim, o amor pela vida por maior que seja nunca será excessivo.
    A vida é tão bela, deveria ser melhor cuidada que as grandes obras de arte, ter óptimas condições de preservação.

    Beijinhos
    Carlos Rebola

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