sábado, 20 de junho de 2009

Mel do Zambujal

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O João Murta tem um pequeno apiário entre os "Bárrios" e os "Alpiares", numa zona de boa biodiversidade florestal, pinheiro, eucalipto, carvalho, sobreiro, ameixa brava "rénol", urze, murta, vinha, madressilva, silva, tojo, algum rosmaninho, etc., no fundo um bom "pasto" para as abelhas que produzem um mel delicioso cor de caramelo. O João Murta visita o seu apiário quase todas as semanas, desta vez foi verificar como estava a evoluir um núcleo, inicio dum novo enxame. Também verificou que uma colmeia estava a fraquejar por excesso de zângãos, os machos das abelhas e que não produzem mel, isto acontece quando morre a abelha mestra, a única cujos ovos dão abelhas, as obreiras, dos ovos destas, das obreiras, nascem zângãos, mas verificamos que a própria organização da colmeia, enxame, já tinha providenciado alvéolos reais. Nos alvéolos reais (maiores) as obreiras põem ovos de cujas larvas, as obreiras produzem rainhas através duma alimentação especial (geleia real), a colmeia passado pouco tempo tem uma rainha, deixando de estar zanganeira (com excesso de zangões). Também verificou, o João, que numa das colmeias havia excesso de população e preparou-se para dividir o ninho em dois, retirou dois quadros com bastante criação (larvas) nos alvéolos, para colocar num núcleo, mais ou menos metade duma alça, (seis quadros), para desenvolver novo enxame. Alguns favos já tinham muito mel cor de oiro, depois da maturação, este mel é extraído no Outono e é uma delícia com pão nos dias frios de Inverno ou todo o ano.
A biodiversidade existente é garantia duma produção mais ou menos constante, pois, com tantas e diversas plantas há sempre algumas em flor, prontas a doar o seu nectar e polén em troca duma melhor polinização através das abelhas garantindo assim maior produção de frutos e sementes.
O Provérbio:- "A abelha perto do monte, com fonte e casa abrigada, produz mel e cera dobrada"

terça-feira, 16 de junho de 2009

O "Amola tesouras"

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Uma das muitas e boas recordações que eu tenho da minha infância no Zambujal era o som inconfundível da gaita do "amola tisoiras", duma espécie de "flauta dos andes", os tubos eram de lata, saia um som que começava alto baixava e terminava como começara, alto. O amola tisoiras era um homem quase sempre de aspecto pouco cuidado no vestir, de rosto muito enrugado, de pele escura e suja e de barbas e cabelo compridos e desalinhados. Fascinava-me a quantidade de mecanismos, coisas e objectos que trazia na bicicleta diferente de todas as outras. O som estridente que as facas e as tesouras quando ele as afiava na mó de esmeril e as faíscas, qual fogo de artifício, que se soltavam e envolviam o conjunto homem e mecanismos e tantas coisas que só ele sabia manejar e dar-lhe utilidade, o que tornava o “amola tisoiras” uma espécie de mágico, rodeado da criançada, de olhos arregalados, como que hipnotizada por aquele mundo fantástico de sons, luzes e de gente fascinante.

Há pouco tempo ouvi a gaita do “amola tisoiras” e segui aquele som ao encontro da sua origem e vivi momentos que me tornaram outra vez menino. O "amola tisoiras" voltou ao Zambujal, já se pensava que tinha ido para sempre.

O Provérbio: - "Recordar é viver duas vezes"

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Gente da nossa terra - Manuel Gil



Emigrante de sucesso – Manuel dos Santos Monteiro Gil (Manuel Gil) nasceu em 3 de Março de 1930 fruto do casamento de Manuel Gil, seu pai e Anunciação dos Santos, sua mãe. A pobreza da família “obrigou” seu pai a emigrar para o Brasil à procura de melhores condições, deixando sua mulher Anunciação com o Manuel Gil (filho) no ventre ainda em gestação.
O Manuel Gil nasceu e cresceu sem conhecer o pai que ficara por terras de Vera Cruz. A escola acabou quando o Manuel Gil fez a terceira classe e começou ainda menino a trabalhar na agricultura e como servente de pedreiro (misturando a areia a cal e a água com uma enxada, para fazer a massa que colava as pedras das construções carregando os materiais até aos pedreiros) e assim ainda criança era o amparo da mãe, já homem foi pedreiro. Casou aos 25 anos com Salvina, mas a mágoa de nunca ter conhecido o seu pai, fez com que em 1957 com 27 anos de idade fosse para o Brasil, à procura dele. Deixou no Zambujal, mulher e um filho, chegado a terras de Vera Cruz, São Paulo, o Manuel Gil concretizou o seu grande sonho de conhecer seu pai e iniciou ali a sua vida como empregado, passado pouco tempo economizou o suficiente para se estabelecer por conta própria na área comercial primeiro com um bar e depois com uma padaria e em 1962 chama para junto de si sua esposa Salvina e o filho Gabriel. Fundou um restaurante “O Rei do Bacalhau” que ligado à padaria foi um enorme sucesso, era frequentado por altas individualidades e por muitos turistas portugueses que ali se deliciavam com as suas especialidades de bacalhau, ficando ele próprio conhecido em São Paulo como o Rei do Bacalhau.
Em 1986 veio a Portugal para na FIL de Lisboa participar com o seu restaurante “O Rei do Bacalhau”e suas especialidades gastronómicas no evento “Portugueses de Além Mar” que trouxe a Portugal o exemplo de alguns emigrantes de sucesso.
Hoje o Manuel Gil está aposentado e é um homem feliz que vive junto de seus filhos em São Paulo. Mas não esquece a terra que o viu nascer e crescer, o Zambujal e, mais uma vez regressou em lazer para recordar sítios e amigos, amigos que reuniu no passado dia 1 de Outubro (2008) num jantar de confraternização no restaurante “Amigo” da Tocha onde agradeceu a todos o bom acolhimento e amizade que lhe proporcionaram por cá. Partiu para São Paulo com a promessa de voltar em 2009 no Verão.
Parabéns e votos de felicidades ao nosso conterrâneo Manuel Gil que há mais de cinquenta anos partiu para o Brasil onde viu pela primeira vez o seu pai e onde alcançou muito sucesso.
O nosso conterrâneo Manuel Gil é uma pessoa sábia, pois soube aprender com a vida nem sempre fácil, simples e humilde é um homem bom que tem granjeado muitas amizades, a comunidade espera de braços abertos a sua visita.

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