domingo, 5 de julho de 2009

Homenagem simples a um homem bom e humilde. António da Costa Ribeiro "Toino Vaibem"


António Vaibem no Salão da ACRZ

António da Costa Ribeiro (1921-2008) conhecido por António Vaibem, nasceu no dia de Natal na Ribeira dos Moinhos, numa família de lavradores, a senhora sua mãe era a ti Guilhermina da Leonor, porque Leonor era a sua avó, mulher de Matias Simões, seu pai era Manuel da Costa Ribeiro que morreu com algumas pequenas dívidas, era o António seu filho menino de oito anos, que nunca fora à escola. Por via das pequenas dívidas do senhor seu pai, a viúva Guilhermina, sua mãe viu-se confrontada com a falta do sustento da família, que era assegurado, pelo seu esposo e teve como ajuda "solidária" a "eventariação" (palavra do António) dos seus bens e penhora para pagar, muito mas mesmo muito inflacionada, uma mísera dívida. Assim, ficaram na miséria, sem casa nem terras, na Ribeira dos moinhos.


A mãe Guilhermina, a avó Leonor, o irmão Manuel e ele próprio de "bibe".

Então sem casa (lar) em Ribeira dos Moinhos vieram viver para casa da avó Guilhermina que era do Zambujal, e ele o António "Vaibem" criança, começou a guardar gado cujo pagamento era a comida que lhe faltava em casa, depois foi trabalhar para as pedreiras da "gandara" onde "acartava" a terra com uma cesta de vime à cabeça, as crianças como formigas faziam carreiros naqueles enormes montes de terra que "acartavam" como hoje fazem os potentes bulldozers. de seguida arranjou trabalho nos lavradores onde fazia de tudo o que a lavoura exige, em troca do alimento, andava à frente do gado que puxava a charrua, arado na lavra, ou o carro carregado de mato, pasto, cereal, uvas ou carregado de tudo o que a terra dava e era colhido. O António casou aos vinte e cinco anos com a Maria do Rosário, que veio do Louriçal para servir no Zambujal, viveram na casa da avó Guilhermina e tiveram três filhos, o António, o Amândio e o Manuel, todos eles Fernandes, nome da avó.

Com mais bocas para sustentar o António Vaibem, fez de tudo o que a terra oferecia, na vinha, cavou-a limpando-a do "burgau", escavou-a, podou-a, sulfatou-a, vindimou-a, carregou os "cachos" pisou-os, deu balsa ao vinho, envasilhou-o, seguiu a sua maturação nas adegas e por fim voltou a trasfegá-lo na altura da venda. Isto ano após ano. Também arrancou pedra, enfornou a mesma pedra, cozeu-a e desenfornou a pedra que já era cal que lhe queimava as mãos e os pulmões. Esta cal que passou pelas mãos do "Vaibem" foi distribuída pelo país para a construção de obras que têm a sua impressão e pele digital, como por exemplo as novas faculdades da Universidade de Coimbra onde se ensinam doutos saberes que o António nunca sonhou existirem, mas cujo abrigo ele ajudou a construir.

O forno da cal do Caldeira e depois de Manuel de Jesus Gomes (Canário) onde o António Vaibem cozeu muita cal.

O António Vaibem nunca foi à escola porque a prioridade era ter alguma coisa que comer, mas a escola da vida deu-lhe a sabedoria daqueles que sabem quanto custa a vida ganha com trabalho duro e honesto.

O nosso conterrâneo e homem bom, António Vaibem ficou pobre e deixou-nos no dia 13 de Agosto pobre de bens materiais mas rico de valores morais e humanos e deixou obra valorosa.

Sentado na esplanada do café

Esta pequena homenagem ao ti António Vaibem, homem sábio das coisas da vida, alegre apesar de sofrido, homem que gostava de rir, cantar e dançar, é extensiva a todos quantos anonimamente fizeram o trabalho duro na construção do país que temos e pelos quais (gente anónima) a vida passou sem que ninguém fora do círculo familiar os homenageasse como fazem aos "doutores" que escreveram com as canetas, leram nos livros e se abrigaram nas casas (como quase tudo o que utilizam) que gente como o Tí António Vaibem ajudaram a construir.

O provérbio: - "Antes pobreza honrada do que riqueza roubada"

Sem comentários:

Enviar um comentário